26.12.05

O Estado do Imperio em piadas

"Already there have been reports of 1000 fake ballots in the Iraqi election. So it looks like another victory for Republicans." --David Letterman

"President Bush admitted that much of the intelligence that we went to war on was faulty. Well you can't blame the president for relying on faulty intelligence. It got him through college." --Jay Leno

"During an interview yesterday, President Bush said 'You can call me anything you want, but don't call me a racist.' Brian Williams responded: 'Whatever you want, Dumbass.'" --Conan O'Brien

"In a recent interview, President Bush said, this is a quote, 'I know a lot of people who are glad that we're in Iraq.' When asked who, the president said the leaders of North Korea and Iran." --Conan O'Brien

"Heating bills this winter are the highest they've been in five years, but President Bush has a plan to combat rising bills. It's called global warming." --Jay Leno

"When these oil company executives walked into the Capitol building, all these senators and congressmen were scared and nervous. It's always a little nerve-wracking when the real owners of the place show up." --Jay Leno

The chiefs of the five major oil companies defended their companies' huge profits before a congressional committee. See, this gave oil company executives a chance to put a face to the names they write on the checks." --Jay Leno

24.12.05

Às vezes é bom sonhar

23.12.05

Vale mais um mes aqui do que um ano inteiro la

Aí vou eu outra vez para a lusa pátria!

22.12.05

Uma bolsa de investigação

Visto que o Intelligent Design é uma disciplina de investigação científica tão séria e prometedora, estava a pensar em pedir ao meu chefe aqui no laboratório para começar a atribuir bolsas de investigação na área. O tema sugerido para o primeiro projecto é:

Intelligent Design and Diarrhoea: Understanding the mind of the Designer

21.12.05

Democracias...



Tom Toles, Washington Post.

20.12.05

Star Trek, McDonalds e o Cavaco

Apanho sempre uma seca valente e absorvo uma dose insuportável de idiotice a ver episódios do Star Trek (qualquer uma das séries). O estranho é que as fico sempre a ver quando passam na televisão. De alguma maneira subconsciente, o meu cérebro tem a ideia de que o ST é em geral fixe, mesmo que não tenha memória de um episódio que fosse melhor que mau.

Acontece o mesmo com o McDonalds: cada vez que lá vou juro de nunca mais, mas passados uns meses lá estou eu outra vez, a confiar mais na ideia que o marketing passa do McDonalds que nas minhas memórias.

A memória é uma coisa lixada, a impressão que a aparência nos deixa mantém-se mas a memória dos factos exactos esboroa-se. Acho que é por isso que o país vai votar em massa no Cavaco. O problema vai ser que isso significa aturá-lo mais cinco anos (no mínimo).

Acerca de Bush

Entre as mais divertidas citações políticas do ano, no about.com.

"But sir, none of that is going to happen now. Why? Because you govern like Billy Joel drives. You've performed so poor, I'm surprised you haven't given yourself a medal. You're a catastrophe that walks like a man. Herbert Hoover was a shitty president, but even he never conceded an entire metropolis to rising water and snakes. On your watch, we've lost almost all of our allies, the surplus, four airliners, two trade centers, a piece of the Pentagon, and the city of New Orleans. Maybe you're just not lucky. I'm not saying you don't love this country, I'm just wondering how much worse it could be if you were on the other side. So yes, God does speak to you, and what he's saying is, 'Take a hint.'"

-Bill Maher, HBO's "Real Time With Bill Maher," Sept. 9, 2005


O resto do texto está aqui e vale a pena. O top das citações políticas do about.com está aqui .

Gaja boa da Semana - Eva Longoria

Fui forçado a isto pelo meu público. Para mim a Sofia Vergara continuava GBdS para sempre, mas pronto!
Um destes dias ainda posto mais fotografias dela.
Directamente do Desperate Housewives para o Orlando Furioso, eis a Eva Longoria:




PS: Sofia Vergara, continuas no meu coração!

Ai os blogues

O que eu gosto nos blogues é que são tão interactivos...

19.12.05

Dawkins

Entrevista pequenina com o Richard Dawkins acerca da Teoria da Evolução, curta e fácil, aqui (visto na Origem das Espécies ).

17.12.05

Acerca do Cavaco

Lidos no Lâmpada Mágica uns parágrafos com os quais concordo plenamente (embora não concorde com o resto da posta):

O Cavaco é o vazio absoluto, um homem sem ideias, um péssimo economista que cometeu a proeza, quando foi primeiro-ministro, de desbaratar milhões e milhões de contos de fundos comunitários em investimentos de segunda linha e elefantes brancos do regime quando aqueles que importava realmente fazer, aqueles que realmente são fundamentais para o nosso futuro enquanto país (os investimentos na qualificação do nosso capital humano) foram completamente menosprezados, o homem cujos governos, por pura incompetência, por coisas tão simples como não terem os projectos prontos dentro do prazo, deixaram por aproveitar milhões de contos de fundos comunitários, o homem que gerou boa parte das condições que levaram à crise que hoje vivemos, quer por acções próprias, quer por não ter sabido ou querido agir de forma correcta quando era tempo disso.

E um homem que hoje se apresenta como se fosse D. Sebastião, saído do nevoeiro da semi-inactividade política para convencer as pessoas de que vai devolver a Portugal a grandeza de outrora, tentando com isso capitalizar em cima da mais profunda de todas as causas do nosso atraso, o sebastianismo, com uma estratégia planeada há muito mais de um ano, apesar dos tabus e das meias verdades (e de uma mentirinha aqui e ali também, já agora) com que foi tentando esconder que ia ser candidato. Sempre que hoje cita a sua autobiografia (e fá-lo muitas vezes) está a admitir que ela é parte de uma estratégia mais vasta destinada a vingar a derrota de há dez anos.

Gajas boas - Sofia Vergara

Pois, enquanto não arranjo tempo para eleger uma nova Gaja Boa da Semana (candidatas aceitam-se) vai ficando a anterior GBdS ad interim:

16.12.05

Este comentário merece uma posta

Diz o King in Yellow acerca da proposta de demissão de Jardim por Louçã:

No debate de ontem, Jerónimo vs. Louçã, esperei avidamente por uma referência a esta questão. Debalde. A discussão versou sobre o " eu sou mais (ou menos) vermelho que tu, pá".
Caro Prof. Louçã, e não simplesmente Dr., catano, o homem dá aulas na Universidade e escreve livros "em estrangeiro", se garantir que "despede" o Jardim, eu asseguro-lhe a Presidência da República, whatever it takes.


Já agora, porque raio é que a múmia paralítica do Cavaco, que mais parece um destroço calvinista, é sempre tratado de "professor" e o Louçã é só "doutor"?

Já nem lamento a perda do C. Ronaldo. Depois de ter exibido o do meio e cuspido na direcção dos lampiões (que Deus lhes perdoe, mas nem eles merecem isso) pouco me importa que a superstar do grande Man. Utd (que se farta de levar das equipas portuguesas. Ah, ganda Costinha!!) desapareça da selecção das quinas. Ainda para mais, quando em terras invictas mora um feiticeiro cigano de nome Ricardo Quaresma

A propósito do Benfica, estava um amigo meu holandês, fanático do Liverpool, a perguntar-me se eu torcia por eles ou pelo Benfica, que é sabido de todos que odeio visceralmente.

Disse-lhe a ele, e digo aos meus 685979 leitores diários, para que registe:

CONTRA OS INGLESES DA CRICA, VIVA O BENFICA!

(ele não percebeu nada, pelo que tive de traduzir para inglês:

"AGAINST THE ENGLISH OF THE CRICA, LONG LIVE BENFICA!"

e quando ele não continuou sem perceber, tentei em neerlandês:

"TEGEN DIE ENGLANDEREN VAN DE CRICA, LANGE LEVEN BENFICA!

, o que ele também não percebeu, donde concluí que não é muito esperto...)

Porque:

-São portugueses (mais que menos)
-São o underdog e eu gosto dos underdogs porque sou um topdog (da mesma forma que gosto de mulheres porque sou homem)
-Os outros são ingleses e eu detesto equipas inglesas, só o Chelsea ainda vou perdoando porque 1) vestem-se de azul 2)são a equipa menos inglesa da Inglaterra 3) são a equipa mais portuguesa da Inglaterra 4) está provado que o Mourinho ajuda o marketing de homens portugueses entre as mulheres do Norte da Europa, que começam graças a ele a preferir o produto luso ao mais típico, caro e corriqueiro produto italiano.

Nota bene: Exceptuando no que diz respeito à Liga dos Campeões, continuo no meu ódio visceral aos idiotas vermelhos, claro está.

Tenho dito.

As mais belas historias da Biblia (2)

Juízes 19:20:

O ancião exclamou: "Sejam bem-vindos à minha casa! Não terão que passar a noite no largo. Tenho tudo o que vos pode fazer falta."
Levou-os imediatamente para sua casa e deu de comer aos animais. Os hóspedes lavaram os pés e cearam.
Estavam todos satisfeitos, quando, de repente, pervertidos sexuais vindos da cidade, cercaram a casa, bateram à porta e gritaram para o dono: "Traz cá para fora esse que está contigo! Queremos divertir-nos com ele!"
Mas o ancião saiu e insistiu com eles: "Não, meus amigos! Por favor! Não façam uma coisa dessas, que é uma vergonha! Este homem é meu hóspede.
Olhem! Têm aqui a mulher dele e a minha filha, que é solteira. Vou trazê-las e podem ficar com elas e fazer o que quiserem. Mas não façam passar este homem por essa vergonha!"
Mas eles não o queriam ouvir. Assim o levita conduziu a mulher para fora, aonde eles estavam. Violaram-na e maltrataram-na toda a noite, até de manhã.
De madrugada, a mulher foi cair desfalecida à porta da casa do ancião, onde dormia o marido.
Quando o levita se levantou e abriu a porta, para prosseguir viagem, deparou com a mulher por terra, em frente da casa, com os braços estendidos sobre a soleira.


Moral da história: Antes duas mulher violadas e uma delas morta que um homem violado.

15.12.05

Porque é que eles nos odeiam?

A relação Portugal-Brasil é tipo Rinaldo-Angélica (no Orlando Furioso, não no Orlando Enamorado): os portugueses adoram o Brasil e os brasileiros detestam Portugal. E por favor não acreditem no que os brasileiros estrelados dizem quando vêm de visita a Portugal com as despesas todas pagas por um canal de televisão ou pelo Carnaval da Bairrada, os do "Adoro Portugau país irmão!".
O mais interessante mesmo é ver a reacção dos brasileiros que não vivem em Portugal: há uns tempos estive a conversar com um brasileiro num café que logo de chofre me disse que Portugal era um dos países mais atrasados do mundo, e que se o Brasil estava na merda que estava foi porque foram colonizados por portugueses, e logo a seguir se pôs a acusar-me do massacre dos índios. A minha observação de que a probabilidade dos antepassados dele terem massacrado mais índios que os meus não pareceu afectá-lo de sobremaneira. Que os africanos nos acusem de colonialismo é uma coisa, mas a mesma acusação vinda de um brasileiro é absolutamente ridícula.
A minha primeira experiência do ódio brasileiro por Portugal terá sido talvez um brasileiro que conheci há mais de 10 anos na pousada de juventude de Sintra. O dito senhor residia a maior parte do ano em Portugal e vivia de andar a tocar guitarra por aí, graças a essa obsessão que Portugal tem com a música brasileira, boa ou má, e sintetizava numa frase a sua opinião de Portugal:
-Português é foda, bicho!
E depois começava um litania de queixas acerca de Portugal e a sua comparação depreciativa com o Brasil, em termos de cultura, educação, desenvolvimento económico (foi pena que na altura a idade me fizesse envergonhado demais e chocado demais para lhe lembrar meia dúzia de coisas, como a taxa de analfabetismo, as favelas, as gangues, o simples facto de no Brasil não se poder parar num sinal vermelho sem correr o risco de ser assaltado). A mais engraçada evidência anedotal que ele deu da inferioridade cultural portuguesa em relação ao Brasil deve ter sido quando me disse que, por exemplo, "no Brásiu, em cada grandji cidadji há ópera e sala de concertos, enquanto que em Portugau, só em Lisboa! Tá vendo? Português é foda, bicho!" (mais uma vez foi pena eu não lhe lembrar que uma grande cidade brasileira tem mais população que Portugal inteiro, mas enfim...)
O problema dos brasileiros com os portugueses é psicanalítico. É uma forma de ódio de si mesmos pelo seu subdesenvolvimento, sublimado em ódio ao "pai" português.
Os brasileiros nunca se apercebem - ou não se querem aperceber - de que quando acusam os portugueses de massacrar os índios apenas se acusam a si próprios ou, melhor dizendo, os seus próprios antepassados.
Já ouvi brasileiros dissertar durante horas acerca do quão fantásticos foram os tempos em que Pernambuco estava nas mãos dos holandeses e que "o nosso azar é que os holandeses foram derrotados pelos portugueses". Bem, se quiserem um exemplo das maravilhas da colonização holandesa podem sempre olhar para a Indonésia mas claro que o fundamental é que a comparação nem sequer faz sentido: os portugueses que derrotaram os holandeses são os antepassados deles, sendo o Brasil mais um país de colonos que de colonizados.
Claro a maior parte dos brasileiros nem sequer sabe onde Portugal fica. Mas essa ignorância, esse desprezo constituiem também uma forma de ódio cultivada pelo estado, pelos educadores, uma negação intencional das suas próprias raízes culturais, da sua própria história. Vejam se acaso os americanos fazem isso em relação à Inglaterra, à qual os unem talvez menos laços de sangue que do Brasil a Portugal.

14.12.05

Uma lista de filmes preferidos

la dernière année à Marienbad
la haine
dr. strangelove
psico
citizen kane
nosferatu
der himmel uber berlin
taxi driver
morangos silvestres
hable con ella
indiana jones and the last crusade
blade runner
ed wood
die hard
dogville
apocalipse now
bram stoker's dracula
the silence of the lambs
the straight story
a infância de ivan
underground
pulp fiction
os sete samurais

O mais mal amado dos meus microcontos

Acordar

Naquela noite dormiu cinco horas. Tivera um longo e detalhado pesadelo que não lembrava, mas que se mantinha no limiar dos seus pensamentos como o vulto ameaçador de um assassino na periferia da visão.
Não se levantou logo. Espreguiçou-se no colchão e entreteve-se a rogar pragas ao despertador. O som agudo e repetitivo no meio da quietude nimbada da madrugada tinha algo de obsceno.
Por muitas vezes se decidiu a levantar daí a cinco minutos. Quando o final do prazo estava a chegar, de novo o estendia. Parecia o paradoxo de Zenão: Aquiles a correr, uma tartaruga inalcançável e o mundo não existe.
Quando se ergueu tinha passado meia hora desde que acordara.
Foi à casa de banho e olhou-se ao espelho. Com o cabelo em desalinho, a barba de três dias e as enormes olheiras negras parecia mais um bandoleiro que o belo galã que dava a volta à cabeça das meninas.
Os dois dias de férias tinham sido em cheio. O seu jeito para o engate era mítico, mas desta vez excedera-se: a moçoila tinha sido de comer e chorar por mais. Era daquelas tipo petite fleur rouge, ingénua e fervorosa crente. Os do clube iam ficar doidos quando lhes enviasse a video-cassete.
Barbeou-se e tomou um duche frio. Secou e penteou o cabelo. Olhou-se nu, a corpo inteiro, no largo espelho do guarda-roupa. Fez uma pose de toureiro vitorioso. Teve uma súbita e forte erecção. Masturbou-se e tomou outro duche.
Demorou a escolher um perfume entre os frasquinhos alinhados na prateleira do lavatório em jeito de armas numa panóplia. A sua profissão obrigava a uma certa discrição, mas nunca se sabe quando e onde é que a próxima oportunidade de conquista vai aparecer e é preciso estar sempre a postos.
Vestiu a batina e ao fazê-lo bufou de tédio prenunciado. Acabara de se lembrar que era sábado, dia de ouvir confissões, dia das velhas beatas e dos seus infindáveis e risíveis pecadilhos.

13.12.05

A minha Kalevala em portugues

Para aqueles que se perguntam como passo os meus tempos livres, a resposta é simples: a traduzir poemas épicos. Por isso, preparei uma página para mostrar aos meus 324436 leitores diários os resultados da minha tentativa de traduzir o épico nacional finlandês, a Kalevala, para a língua de Camões. Vai estar aos poucos (um canto por semana, mais ou menos) aqui: kalevala.co.nr.
Espero que gostem.

PS: DISCLAIMER: Não, não acho que a Kalevala seja superior a Os Lusíadas.

As mais belas histórias da Bíblia (1)

Abrão e Sarai no Egipto,
ou Como Abraão pôs Sara a Render:
(Génesis 10-20)

Houve então uma terrível fome em Canaã e Abrão encaminhou-se para o Egipto, para ficar por lá algum tempo. Quando estava já quase a chegar ao Egipto, disse a Sarai, sua mulher: "Eu sei que tu és uma mulher muito bonita. Quando os egípcios te virem, dizem logo que és minha mulher e são capazes de me matar, para ficarem contigo. Diz, portanto, que és minha irmã, para que eu seja bem tratado, por causa de ti, e possa continuar vivo, graças a ti." Ao chegarem ao Egipto, os egípcios, de facto, repararam que ela era muito bonita. Viram-na também os oficiais do faraó e foram elogiá-la junto do faraó. E assim a mulher de Abrão foi levada para o palácio do faraó. Abrão, por seu lado, foi bem tratado, por causa dela. Arranjou rebanhos de ovelhas e vacas, burros, jumentas e camelos e tinha criados e criadas ao seu serviço. O Senhor infligiu grandes castigos ao faraó e à sua família, por causa de Sarai, mulher de Abrão. Então o faraó mandou chamar Abrão e perguntou-lhe: "Por que é que fizeste uma coisa destas? Por que não me disseste que ela era tua mulher?Disseste que era tua irmã e eu casei com ela. Mas, uma vez que é tua mulher, aqui a tens, podes levá-la. "O faraó mandou alguns homens para fazerem sair do Egipto Abrão com a sua mulher e com tudo o que lhe pertencia.

Moral da história: Não cobices a mulher do próximo, mesmo que seja o próprio marido que ta ofereça e que tu penses que é sua irmã.

11.12.05

Acho que o Louça esta perto de ganhar o meu voto

Na site do PUBLICO hoje:

Candidato diz que Presidente deve garantir funcionamento das instituições
Louçã destituiria Jardim em caso de grave problema institucional


O candidato presidencial Francisco Louçã afirmou hoje na Madeira que destituiria Alberto João Jardim da presidência do governo regional no caso de existirem graves perturbações no funcionamento das instituições.


Só não digo já que voto nele de certeza porque ainda faz a destituição condicional.

9.12.05

E do mesmo artigo: Ota vs TGV

O MST também observa um pormenor que, confesso, até agora me tinha escapado
(o ênfase foi acrescentado por mim):

Se, na propaganda do TGV, se sustenta que haverá anualmente cinco milhões de utentes da linha Lisboa-Madrid, é forçoso concluir que o Governo, e logicamente, está a prever que essa ligação "seque" por completo as alternativas aérea e rodoviária. Ou seja, a esmagadora maioria dos passageiros entre as duas cidades optará pelo TGV. Logo, esses cinco milhões devem ser abatidos ao "congestionamento" imaginado para a Portela. E aos cinco milhões devemos acrescentar os 555 mil que actualmente voam entre o Porto e Lisboa. Somando uns e outros, temos que metade do actual trânsito da Portela (dez milhões e meio por ano) desapareceria automaticamente assim que o TGV entrasse ao serviço nas duas ligações. Conclusão: ou o TGV para Madrid assenta em previsões delirantes, que o tornam inútil, ou a Portela não está em vias de ficar saturada e inútil é a Ota.

Perguntas retóricas

Miguel Sousa Tavares, hoje, no PÚBLICO:

Por que é que a Holanda e a Bélgica, bem mais prósperos que Portugal, organizaram em conjunto o Euro 2000 e apenas precisaram de sete estádios, dos quais dois novos, e nós, organizando sozinhos, precisámos de dez estádios, dos quais oito novos? Por que é que, em vez do grande Alqueva, gigante adormecido e majestático, não se fizeram antes uma série de médias e pequenas barragens que cobrissem todo o Alentejo e Algarve e retivessem toda a água que inutilmente escorre para o mar? Por que é que Málaga tem um aeroporto que actualmente movimenta o mesmo número de passageiros que a Portela mas que cresce o dobro desta anualmente, com apenas uma pista contra as duas da Portela e ocupando 320 hectares contra os 520 da Portela, e só espera rever as suas condições no ano 2020? Por que é que nenhum país do Norte da Europa, e países tão extensos e tão ricos como a Suécia, a Noruega, a Finlândia, sentiu até hoje a necessidade imperiosa de se dotar de um TGV?

Parece que o problema do MST é que nunca percebeu a essência de ser português, que é viver a maior parte do tempo a achar-se um miserável e um coitadinho mas, de quando em vez, decidir que só se vive uma vez e que uma vez não são vezes e desgraçar-se e estoirar dinheiro sem fim numa maluquice qualquer: o arquétipo do gajo que tem um Ferrari e ao almoço e ao jantar come pão com manteiga. O português, essa criatura inefável, gosta de grandes desígnios nacionais e de elefantes brancos. E parece-me que é só de bom tom que os nossos governos sejam reflexo dessa nossa identidade nacional.
Ou porventura pensam que se mudássemos este comportamento continuaríamos a ser portugueses?

Bush



Tom Toles, Washington Post

7.12.05

Os Lusiadas Revisited

O Bom:

É sobretudo na perfeição da forma e no poder da descrição inspirada e evocativa que Camões prima:

-A Proposição é poderosíssima, só Homero consegue melhor em termos de efeito dramático com a entrada fulgurante da Ilíada. A Invocação, que se lhe segue, também é muito bonita e inspirada. A Dedicatória é talvez um pouco longa...

-Dois episódios: Vénus suplicante a Júpiter e a morte de Inês de Castro, onde Camões usa ao máximo os seus fantásticos dotes de poeta lírico e de mulherengo profissional.

-O Adamastor é uma criação à altura da mitologia grega, o que não é dizer pouco, sublimemente descrita.

-Algumas descrições muito belas (eg: no conselho dos deuses, no conselho dos deuses marinhos, na ilha dos amores).

O Mau:

Em geral a narração é muito inferior à descrição e os personagens são incaracterísticos, planos, feitos de papelão.
Ora vejamos:

-As batalhas são todas esboçadas a traço grosso, sem qualquer detalhe ou evolução. Na verdade, são mais descritas que narradas.

-A gesta dos reis portugueses é uma litania infindável e aborrecida de nomes e referências, quase parece uma daquelas homepages que tudo o que tem é links para outras páginas.

-O Baco d'Os Lusíadas é dos maus da fita mais desenxabidos que alguma vez vi.

O que eu noto sobretudo é a falta de tensão dramática. Isto deve-se sobretudo a dois factores:
-muito pouca acção;
-falta densidade psicológica aos personagens, o que leva o leitor a ter pouca inclinação para sentir qualquer emoção em relação a eles.

Na Ilíada, quando Heitor se prepara para defrontar Aquiles, o leitor sente uma imensa compaixão por ele e o peso trágico de um destino inelutável e injusto, porque o conhece enquanto homem corajoso e nobre, abnegado protector da sua nação e família, pai e marido e filho extremoso.
N'Os Lusíadas não só não há qualquer cena com esta carga emocional intensa, e tal seria impossível de criar com os personagens que tem: se Vasco da Gama morresse, ou o Magriço, ou o Nun'Alves, era virar a página e continuar a ler, sem pensar nisso duas vezes.

Progressismo para quê?

Para quê melhorar a vida das pessoas, em termos materiais, se isso serve para as fazer mais alienadas, mais egoístas, mais chateadas, mais acomodadas? Se ao providenciar as suas necessidades se lhes rouba o prazer de lutar e criar e apenas se lhes deixa o prazer decadente de consumir?

6.12.05

Gajas boas: Gaja boa da semana - Sofia Vergara





Colombiana, faz qualquer coisa na televisão.
PS: peço desculpas pelo excesso de fotografias, mas era dificil sumarizar numa só imagem a combinação de argumentos anteriores e posteriores que levaram à decisão do júri.

Uma vida de insecto

Acordar de manhã, vestir depressa, ir para o trabalho, reunião importante.
Quase adormecer na dita reunião importante. Passar o dia enfiado num escritório a ler e a escrever coisas escritas e lidas por outros de mesma condição, sabendo que pouco há-de resultar de tantas palavras. Temer os gestos, expressões de rosto e os pensamentos dos que estão acima de si na hierarquia da empresa e odiar-se repugnadamente pela tibieza de tal comportamento. Passar o dia rodeado de estranhos que se conhece há mais de cinco anos. Voltar a casa tarde porque havia muito que fazer, jantar um jantar ensosso aquecido no micro-ondas, ver meia-hora de televisão antes de ir para a cama cedo para repetir a mesma coisa outra vez no dia seguir. Que consolo pode haver, mesmo quando se deita ao pé de alguém que por vezes se amou até à loucura, mas que neste momento não parece mais do que apenas uma banalidade, um dado adquirido, monotonamente encontrado a cada dia que passa. Perguntar-se se isto não será afinal, o fim da história, embora a vida continue, para lá da esperança, uma coisa entorpecida a voar em piloto automático. No meio disto tudo, ficar feliz por se ler no jornal que nunca na história da humanidade tantos viveram com tanto luxo e conforto e tão pouca necessidade, e saber-se que se é um felizardo entre esses felizardos.
Pensar:
"Um filho, devia ter um filho"
ou
"Num dia destes ainda me junto a uma seita fanática qualquer e estoiro-me pelo ar."

Aprender de uma vez por todas:

Nada vale a pena
e a alma não existe
para ser pequena.

5.12.05

Lentamente se afunda o sonho americano...

Gostei deste:



e deste também:



Ambos do Washington Post, pois está claro.

4.12.05

9 livros favoritos

l' oeuvre au noir, yourcenar
the old man and the sea, hemingway
os irmãos karamazov, dostoevski
the grapes of wrath, steinbeck
la peste, camus
ensaio sobre a cegueira, saramago
cem anos de solidão, marquez
o manual dos inquisidores, antunes
a romana, moravia

2.12.05

A teoria do meinho

Diz-se muito que é no meio que fica a virtude. O meu sexagenário progenitor muito bem me explicou durante uma recente conversa qual é o problema da nação lusa:

-Temos mais analfabetos que os Holandeses, porque o país deles é muito mais densamente povoado e não há tanto isolamento, ao passo que somos mais analfabetos que os Finlandeses por eles terem tão pouca população, e tão dispersa, é fácil de educar.
-Somos menos produtivos do que Alemanha, porque a Alemanha é um país bem maior, com um mercado interno mais amplo. Somos menos produtivos do que a Holanda e o Luxemburgo exactamente porque, sendo estes mais pequenos, podem organizar-se melhor.
-A Holanda tem vantagens sobre nós por ser mais central na Europa, mas a Finlândia e a Irlanda ganham-nos por, sendo periféricas, terem sido forçadas a fazer um forte investimento numa infrastrutura de transportes, o que serve de estímulo da economia.

Como o meu irmão bem sumarizou, o problema é equivalente ao jogo médio do King: nem dá para jogar para fazer todas as vasas, nem nenhuma, nem se pode jogar para cima, nem para baixo. É uma chatice.

Note-se que nunca na exposição desta teoria foi aventada a possibilidade de a ruína lusitana se dever a outros factores que não os exclusivanente geográficos ou demográficos.

Os Lusíadas (mais uma vez)

Peço desculpas aos milhões de assinantes deste serviço pela minha crise de laconismo durante esta semana. Dois factores tal causaram. O primeiro foi pura e simplesmente o facto de, de vez em quando, ter de fazer pela vidinha como toda a gente. O segundo foi, bem, uma condição mórbida que descreverei como:

Letargia Induzida pela Leitura Atenta d'Os Lusíadas (LILAOL).

Pois, estive a reler, após vários anos, a coisa. Postarei quando puder a minha (renovada) análise crítica. Mas não esperem nada de bom.

Mais lusitanos feitos valerosos

No PÚBLICO de hoje:

Portugal é o pior emissor de gases de efeito estufa da UE

É de um homem se orgulhar, não é? Não só temos a pior productividade da Europa, mas ainda conseguimos fazer mais porcaria a produzir o pouco que produzimos... e ainda planeamos aumentar nos próximos anos a emissão de gases.
Questão:
Terá Portugal um grave problema de flatulência?