17.1.07

Últimos livros falados lidos

Graças à maravilha dos livros falados, pode-se continuar a ler enquanto se compram fraldas e biberões, enquanto se cozinha e se limpa a casa.
Livros lidos nas últimas 3 semanas usando este processo:

Angels and Demons, Dan Brown - Por insistência do senhor meu pai, li esta coisinha. É divertido e os personagens são menos feitos de papelão que no aborrecido e celebérrimo Da Vinci Code. O retrato dado do CERN, dos cientistas e do meio científico é ridículo (O CERN mais parece a SPECTRE que um laboratório internacional de investigação). A ideia de que provar a geração "espontânea" de matéria a partir do vácuo seria considerada uma aproximação entre a ciência e a religião é tão idiota que nem tenho palavras para descrever o que sinto. O personagem do chefe de segurança do Vaticano é tão semelhante em inteligência a um calhau com olhos, ou a uma batata com óculos, ou uma porta com orelhas postiças coladas, que é confrangedor. Depois de ler este livro, apercebo-me que o Sr Dan Brown deve ter um programa gerador de livros, porque a intriga é quase igual à do Da Vinci Code. Como vantagem sobre o outro tem pelo menos o facto de não se tornar anti-climático (antes pelo contrário) e de não se dar tão absolutamente ao rídiculo. Divertido, mas exige uma consideravelmente larga lobotomia prévia.

The God Delusion, Richard Dawkins - A New York Review of Books pode dizer o que quiser sobre a falta de relevância deste livro, e remeter-nos o quanto quiser para a leitura de Kant e de Witgenstein, e outros eminentes filósofos. A defesa do ateísmo que Dawkins faz neste livro está escrita para um público inteligente, mas não necessariamente versado ou com tempo para as imensas, complexas e frequentemente mal escritas dissertações dos filósofos. O ateísmo de Dawkins é incisivo. A defesa do ateísmo que Dawkins faz é honesta, acessível e racional. Os que se dizem religiosos sem saber bem porquê deviam ler isto. Os que se dizem ateus, mas acham a religião moderada uma redundância inofensiva também deviam ler isto. Vivemos afinal numa sociedade que deve todo o seu conforto e segurança à razão mas que, apesar disso, continua a considerar a fé e a crença cega como coisas essencialmente positivas e desejáveis, entre-abrindo a porta -conquanto inocentemente - para todos os horrores do fanatismo, da intolerância e da loucura.

To Kill a Mocking Bird, Harper Lee - Belo e inocente, nunca simplista ou baratucho, um daqueles livros que faz um tipo perceber o que realmente é grande literatura. Como é que eu não li isto antes? A quem quer que ainda não o tenha lido: faça um favor a si mesmo! Ele não há muitos livros melhores...

Casino Royale, Ian Fleming - O 007 dos livros é mais complexo do que o dos filmes (a honrosa excepção sendo a última produção), menos high-tech, muito menos elegante, e muito mais cheio de defeitos. A intriga é simples, as cenas de suspense/acção muito poucas, mas bem conseguidas. A propósito: o Bacarat Chemin-de-fer deve ser o jogo mais estúpido do mundo e foi boa ideia substituirem-no pelo Texas Hold'em no filme. Em suma, um livrito que se lê depressa e que entretem, mas que deixa pouco after-taste...

And that's all for today folks. Daqui a pouco já estou outra vez a aquecer biberões... e ainda tenho trabalho para fazer hoje...

1 Comments:

Blogger Diário de Pierrô ripostou...

Não é por falar não, mas Anjos e Demônios de Dan Brow é muito bom. O autor fez uma ótima obra de aventura. Sabe-se que ele escreve de forma "industrial" e mesmo consegue um grande nível em seus textos. Ele é um especialista da área. Como um industrial da literatura que é, sabe contruir o que seu público pede, mas sem deixar de ter estilo, o que falta em muitos outros do mesmo gênero.

8:32 da tarde  

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