28.11.05

Citaçao do dia

De um artigo algo extenso do Fernando Ilharco no PUBLICO decidi por bem citar-vos um parágrafo que subscrevo por completo:

Temos uma população com uma das menores taxas de formação secundária e universitária entre os países da União Europeia, mas cerca de um quinto dos nossos licenciados vai procurar trabalho no estrangeiro... O que aqui não bate é certo é não existirem, porque não são criadas nem pelos privados nem pelo Estado, oportunidades suficientes para os comparativamente poucos profissionais qualificados que todos os anos chegam ao mercado de trabalho. É um problema de iniciativa, de individualismo, de resultados e de recompensa, por um lado; pelo outro lado, é obviamente a velha questão das corporações, dos mercados fechados, do poder da mediocridade, das invejas, dos tráficos de influências.

26.11.05

Cavaco 2005

Diz o Vasco Pulido Valente hoje no PÚBLICO:

Cavaco representa bem o "silêncio de Estado", como quem engoliu, para impressionar o povo, toda a respeitabilidade e responsabilidade do mundo. Mas, quando desce da altura etérea onde subiu, a pobreza é quase absoluta. Admitindo que irá salvar a pátria, resta dizer como. E ele não diz como, ou, se tenta dizer, sai sempre uma irrelevância ou uma asneira.

É assim o Cavaco 2005: um balão cheio de ar e sem conteúdo algum, apenas o silêncio hierático de uma esfinge a disfarçar um absoluto vácuo de ideias.

25.11.05

As madrassas e os terroristas

Segundo um artigo da New York Review of Books, as madrassas (escolas religiosas islâmicas) têm tido um papel forte na disseminação do fundamentalismo islâmico, mas o tipo de ensino tradicionalista e predominantemente religioso que proporcionam não equipam bem os seus alunos para serem terroristas internacionais, pelo que o papel das madrassas é mais o de indoctrinar simpatizantes do que formar terroristas.*

Na verdade, contrariamente à imagem que normalmente temos dos Al-Qaeda's, e de acordo com um estudo de Peter Bergen, a verdade é que a maior parte deles (53%) tem títulos académicos (mesmo doutoramentos), normalmente em áreas tecnológicas. Outros estudo mosta que cerca de 2/3 tem pelo menos frequência de estudos universitários. A maior parte pertence à classe média. E a apenas 2 foram diagnosticadas psicoses.

Com estas estatísticas cai por terra o estereótipo do terrorista pobre, analfabeto e maluquinho religioso. Os terroristas internacionais são engenheiros e arquitectos. Estão em geral bem de finanças. Os seus objectivos são primordialmente políticos, não religiosos.

*NB: Muitas madrassas não são fundamentalistas ou favoráveis à jihad sanguinolenta anti-ocidental, o que talvez não seja evidente no parágrafo acima

24.11.05

Que mal fiz eu?

Parece que tudo aponta para uma maioria absoluta do Cavaco à primeira volta (ver o ponto da situação ).
Porquê? Que mal fiz eu? Já não chegava ter de o aturar quando andava no liceu e na universidade?
10 anos de Cavaco? 10 anos de Cavaco? Já não chegaram os outros 10? Será que só aos 40 é que me vou ver livre dessa ave aziaga?

10 anos de Cavaco...

Nova Zelândia, acho que vou viver para a Nova Zelândia...

Nem sempre o Bush erra...

...e nem sempre a religiosidade fanática dele é completamente negativa.

Aqui está qualquer coisa de bom, dita por ele, transcrita de uma notícia na CNN:

Bush said he pressed Hu for fairer treatment of non-governmental charity organizations that operate in China and suggested that the Chinese invite the Dalai Lama, the exiled Tibetan spiritual leader, and Roman Catholic leaders to China to discuss religious freedom.

Bush's first public event during his visit was a worship service at Gangwashi Church, one of five officially recognized Protestant churches in Beijing.

"It is important that social, political and religious freedoms grow in China," the president said at Hu's side.

Later, Bush said pressing for religious freedom was a good way to ensure that other freedoms follow.

"They go hand in hand. A society which recognizes religious freedom is a society which will recognize political freedom as well," he said. "President Hu is a thoughtful fellow, and he listened to what I had to say."


O problema é que palavras não bastam. A China é uma ditadura que reprime o livre pensamento e instiga nos seus um nacionalismo exacerbado perigoso. E, no entanto, as companhias ocidentais andam-lhe todas a fazer a corte. Deviam existir leis que punissem severamente (ao nível da alta-traição) companhias que como a Microsoft, a Cisco e a Yahoo (e até o Google, que quer não ser "evil") aceitam ajudar na censura e repressão chinesas (ver, a titulo de exemplo aqui ou aqui) . Felizmente que parece que alguns começam a acordar (ver aqui).

22.11.05

Gaja boa da semana

Com algum atraso, aqui vai a gaja boa da semana.

Ainda a maioria dos portugueses dormia ontem [4-11-2005] quando Liliana Queiroz foi anunciada vencedora do concurso Miss Playboy TV Latin America & Iberia 2005. A modelo de 20 anos encantou o público que marcou presença no Hipódromo de Las Américas, na Cidade do México, e convenceu o júri de sete elementos a atribuir-lhe a coroa.



É de deixar qualquer compatriota orgulhoso. Ainda dizem que Portugal anda mal!

Realmente há qualquer coisa que não bate certo

Como diz o Cohen no Washington Post:

It is incredible to me that Bill Clinton was impeached for lying about sex, but nobody -- that's nobody -- in the entire Bush administration has been fired, not to mention impeached, for this shedding of American blood. Cheney, a man of ugly intolerance for dissent, should have been the first to go. His has been a miserable, dishonest performance -- which he continues to this day.

ou, como diriam os bonecos do South Park:

"Senseless violence is OK, as long as you don't swear." (citado de memória).

Há algo de podre no Reino dos Estados Unidos da América.

I am back baby

Aqui me têm, de volta aos inóspitos confins neerlandeses.

Em Portugal deu-me a sensação de que não mudou nada. O pessimismo continua rampante, mas o desenrasca e o salve-se-quem-puder também.
A tendência para desculpar os males todos da nação e atribuir as culpas de tudo seja ao Governo ou, mais simplesmente, à má sorte continua de boa saúde e recomenda-se.
A tendência para pensar que os defeitos e pecados dos outros servem de absolvição dos defeitos e pecados próprios também está de boa saúde e recomenda-se.
Portugal parece uma espécie em vias de extinção, incapaz de aceitar os seus defeitos e mudar, incapaz de largar o passado, incapaz de desejar o futuro.
Engraçado que durante a viagem estive a ler o "Equador" do Miguel Sousa Tavares - que aliás recomendo, um romance excelente - porque o livro mostra um mundo muito semelhante a este, o mundo condenado do colonialismo português no início do século XX.

O Porto ganhou e eu estive no estádio para ver, o que é fixe (há quantos anos já não via bola ao vivo).

Tive tempo para ver alguns amigos, poucos mas bons. É por eles e por esta língua portuguesa que é a única em que me sinto em casa que ainda acredito que vale a pena tentar salvar um país tão... inefável.

15.11.05

Hit them when they fall down...

No Washington Post de hoje:

The Senate delivered President Bush its strongest rebuke yet on the conduct of the Iraq war, voting 98-0 to pass a defense policy bill that codifies the treatment of military detainees, establishes new legal rights for terrorism suspects and demands far more information from the White House on the progress of the conflict.

Mas porque é que isto me lembra o Muscle Museum dos Muse: Too little much too late?

É amanha

...que volto para meia semana na terrinha!

Mas deixei de ter aquela ânsia que em tempos tinha de ir a Portugal.
Estou a ficar acomodado. Bolas.

(é possível que vocifere menos até voltar ao norte da Europa, porque, como toda a gente sabe, em Portugal não há internet, nem electricidade e a maior parte da população vive em grutas e caça elefantes brancos)

Do que tenho mais medo é de ter de ver fotos gigantes do cavacostein e pensar que me meti numa máquina do tempo, de volta à barbárie de há quase 20 anos atrás.

O verdadeiro perigo amarelo

Hoje estive numa conferência em que a keynote era sobre a economia chinesa.
De acordo com o orador, a economia chinesa funciona muito melhor que a nossa.
Apontava ele como uma das principais razões para o sucesso chinês o facto de o sistema político permitir planos a longo prazo (25 anos), enquanto que os nossos regimes mais instáveis só planeiam ao curto ou médio prazo de 4 anos.

Agora só nos falta que os empresários europeus resolvam adoptar o modelo chinês como se costuma fazer com todas as best business practises, sob o olhar desinteressado de uma opinião pública demasiado gorda e acomodada para se aperceber das consequências.

Pergunto-me se não residirá aí o maior perigo de um país ditatorial ser bem sucedido economicamente.

14.11.05

Hoje assustei-me a mim mesmo

Porque me pus por momentos a tentar lembrar o que o Cavaco tinha feito para eu não gostar dele e não me conseguia lembrar de nada. Foram precisos uns minutos jeitosos para me avivar a memória.

É por isso que ele tem boas chances de ganhar, porque já ninguém se lembra. Ficou apenas a imagem do pai severo mas responsável, o homem providencial. Se o Cavaco ganhar, será a vitória do sebastianismo e do complexo de orfandade histérica de que Portugal padece. Ora bolas. A quem isto dará esperança é ao Santana.

Tentemos ao menos lembrar quem é que desenhou e planeou o Portugal do novo-riquismo parolo, egoísta e predador.
E, ainda pior, um novo-riquismo devido não à fortuna feita por mérito próprio mas graças às esmolas da UE.

13.11.05

Um sonho meu

Chegar aos 60 anos a ser gordo, de barba, preto e a comer umas garotas loiras de 20 anos.

Ou seja, ser o Barry White, que ficará famoso por estes lindos versos:

I know there's only, only one like you
There's no way they could have made two

Persepolis 2

Li-o este fim de semana. Quase tão bom como o primeiro. Recomendo.

O Zorro e a CZJones

Ora bem. Finalmente lá fui. A moça continua gira, embora já não seja o portento que quase me fez acabar com uma relação que na altura parecia dar para durar e mudar de carreira. Nota-se que já há um bocado de maquiagem a servir de suporte, e falta-lhe o viço (casada com o Michael Douglas...)

Tirando isso, o Banderas está com um penteado muito idiota.

12.11.05

Ditado do dia

Num país de cegos quem tem um olho é poeta nacional.

11.11.05

Gajas boas - Gaja boa da semana

Em homenagem às dezenas de portugueses por todo o mundo (ontem tivemos Alemanha, Luxemburgo e Inglaterra) que todos os dias vêm ao meu blog por causa de uma pesquisa no Google por "gajas boas", decidi começar uma coluna "Gaja boa da semana".

E a nossa primeira Gaja Boa da Semana é a Jessica Biel , que parece que é actriz ou coisa assim (se é que isso importa):

Sugestão musical

Um dos mais belos albuns que ouvi nos últimos anos. A sério.
Provavelmente têm de o importar dos states, chama-se Give Up e
é dos Postal Service, a outra banda do homem dos Death Cab for Cutie, Ben Gibbard.
É música electrónica muito pop, mas com alma e cérebro, e tão cheia de emoção quanto a pop pode ser. Recomendo o mais vivamente possível.

10.11.05

Mais do mesmo

Dos cartonistas do Washington Post:




E os nossos comentaristas lusos pró-americanos primários, porque é que nunca, mas mesmo nunca, falam disto?

15 Albuns muito pop

Gosto muito destes todos (a ordem não pretende significar nada):

Songs of Faith and Devotion, Depeche Mode
Disintegration, The Cure
Kid A, Radiohead
Pet Sounds, Beach Boys
Closer, Joy Division
Achtung Baby, U2
Automatic for the People, REM
Rain Dogs, Tom Waits
Mezzanine, Massive Attack
Revolver, Beatles
Dog Man Star, Suede
Behaviour, Pet Shop Boys
Loveless, My Bloody Valentine
Computer Welt, Kraftwerk
Electronic, Electronic

9.11.05

Escrito há uns tempos valentes

Portugal:

Tenho sempre na lembrança o fedor da tua trança. É uma maneira diferente de ver as coisas. Uns são patriotas e românticos. Outros são pessimistas e desencantados. Eu prefiro ser simplesmente parvo.

Tenho sempre na lembrança o fedor da tua trança. É a forma de saudade de um verdadeiro parvo. Estar longe e lembrar as gentes estúpidas e feias ou lembrar as gentes afáveis e bem dispostas, lembrar os lugares sujos e decadentes ou lembrar as paisagens idílicas e ensolaradas, lembrar as misérias e safardanices ou lembrar os namoros e brincadeiras. Querer estar aí e aceitar o todo pelo todo, não pretender mudar nada, amar com o que há, que é o que há para ser amado, e prontos! Para o raio com as reformas de tudo e de nada, para o raio com as revoluções e os desenvolvimentos, para o raio com os critérios de convergência. Isto é amor do verdadeiro.

Amor de amante cego, não amor cego de mãe, que não é afinal tão cego assim, ou não estivessem as mães sempre a queixarem-se-nos das roupas, dos penteadas, das namoradas, do estilo de vida, da preguiça, do desamor que por elas teremos.

Os políticos fingem-se mães e são afinal gigolos. Os fazedores de opinião são tias solteiras. Os poetas pensam-se amantes sofredores ou felizes e não são mais do que mentirosos narcisistas que apenas amam ser amados.

Eu sou parvo. Incrivelmente parvo. E por isso estou aqui entre os mais civilizados que nós, os mais desenvolvidos que nós, os mais inteligentes que nós e os mais ricos que nós e acho-os mais chatos que nós e mais desinteressantes que nós. A culpa não é deles. É minha, que sou parvo e sou cego, sou amante obsessivo e irracional.

Tenho sempre na lembrança o fedor da tua trança. Beijinhos e até à vista.

8.11.05

Uma sugestão literária

Li ontem o Persepolis da Marjane Satrapi.
É uma excelente crónica pessoal em BD (e muito rápido de ler, o que nos dias que correm é essencial) da revolução islâmica no Irão. Recomendo vivamente.

A ver se compro o segundo volume no fim de semana (raios mais um para a pilha!)

A pilha

Uma lista muito incompleta dos livros que tenho à espera de serem lidos. Isto é para ver se me sinto culpado:

Equador, Sousa Tavares
+Orlando Inamorato, Boiardo
+Stalin: In the court of the Red Tsar, Montefiore
Dubliners, James Joyce
Portrait of an Artist as a Youg Man, James Joyce
+Ulisses, James Joyve
The Holy Q’uran, Maomé
+A Bíblia Sagrada, vários
*+Odyssey, Homero (tradução Faggles)
*Iliad, Homero (tradução Faggles)
*Iliad, Homero (tradução Chapman)
*+Ilíada, Homero (tradução Lourenço)
Golden Fool, Hobb
Fool’s Fate, Hobb
Le Morte Darthur, Mallory
The Medici Effect
The Innovator’s Dilemma
A Suitable Boy, Seth
Moby Dick, Melville
*Les Chants de Maldoror, Lautreamont
+The Golden Bough, Frazer
O Adolescente, Dostoevsky
A Costa dos Murmúrios, Jorge
Fanny Owen, Bessa Luís
+The Complete Works, Oscar Wilde
American Pastoral, Philip Roth
The Dante Club, (num lembro)
+Les Fleurs du Mal, Baudelaire
*Metamorphoses, Ovid (tradução Dryden)
Tender is the Night, Fitzgerald
*Os Lusíadas, Camões
*A Canção de Rolando (tradução em português)
Concrete Mathematics, Graham, Knuth, Patashink

*Já lidos anteriormente noutra edição/tradução
+Já encetados/parcialmente lidos

Acho que vou largar o trabalho mais cedo. Tenho muito que fazer em casa.

7.11.05

O lusitano e a culpa

As universidades em Portugal são um excelente caso para estudo da realidade portuguesa.

Quem lá tenha andado sabe que a quantidade de reprovações é inacreditavelmente grande. Por exemplo, lembro-me que no meu tempo, na cadeira de Ondas, havia mais de 700 alunos inscritos, dos quais metade ía a exame, dos quais metade entregavam o exame, dos quais menos de 5% passavam.
Para os alunos (e faço aqui o meu mea culpa por ter sido um deles), os resultados abissais são obviamente da responsabilidade dos professores, que fazem exames incrivelmente difíceis, que não sabem ensinar e que não ligam um corno aos alunos e aos problemas deles.
Para os professores, isto é obviamente da responsabilidade total dos alunos, que não ligam peva, que são burros, preguiçosos e irresponsáveis.
Mas essencialmente, a verdade é que ambos os lados usam a estratégia do passer la patate chaude.
Se se tentar fazer ver a um estudante que ele falhou o exame porque nem olhou para os livros nem foi a uma única aula, ele responderá em tom convicto e sofrido que por causa dos professores "aquilo já está uma merda tão grande que um gajo nem se sente motivado para estudar" e prontos.
Quando uma vez lembrei a um professor que ele nem sequer tinha providenciado apontamentos ou uma bibliografia decente para a cadeira, a resposta dele foi "olhe, eu até ia fazer isso, mas como ninguém os ía ler de qualquer maneira, desisti".
Ou seja: cada um dos lados desculpa a negligência dos seus deveres e/ou a sua incompetência com a negligência e a incompetência dos outros.

E é mais ou menos assim que o país inteiro funciona. O único objectivo profissional de um bom lusitano é sacudir a culpa do capote e remeter as reclamações para outro departamento. O chefe diz que a culpa é dos madraços dos empregados, os empregados dizem que a culpa é do burro do chefe, mas o que é verdade é que os problemas não se resolvem. Os portugueses gostam que Portugal esteja numa merda, porque pensam que porque o país está numa merda têm uma desculpa para a incompetência e preguiça. Da mesma forma os portugueses gostam de ter políticos corruptos, porque estes lhes dão uma desculpa perfeita para fugirem aos impostos e desenrascarem subsídios a que não têm direito (quantas vezes já não ouvi dizer "olhe, se me comparar com o que os do parlamento fazem, ainda devia era de tirar eu mais!"?), porque os portugueses acreditam que o crime (pior) dos outros os absolve dos seus crimes (menores).

E se cada um começasse em vez de arranjar desculpas a olhar para si mesmo e a exigir a si mesmo competência, esforço e honestidade? Até porque as críticas de quem o fizesse se revesteriam de uma legitimidade moral que muitos dos que hoje se queixam não têm.

9 discos de que gosto muito

-Beethoven, 9a Sinfonia, George Szell e CPO
-Bach, Goldberg Variations, Glenn Gould 1982
-Beethoven, 5a e 7a Sinfonias, Carlos Kleiber
-Beethoven, Piano Sonatas Moonlight, Appassionata, Tempest, Pathetique, Maria João Pires
-Mozart, Requiem, John Elliot Gardiner and Monteverdi Choir
-Bruckner, Sinfonia no7, Eugen Jochum com a Staatskapelle Dresden
-Bartok, Concertos para Piano, Stephen Kovacevich, Collin Davis e a London Simphony Orchestra
-Brahms, Sinfonia no4, Carlos Kleiber com Berliner Philarmoniker
-Chopin, Etudes, Murray Perahia

O que a maquiagem não faz

O meu amigo Jorge enviou-me estes exemplos do que a maquiagem pode fazer por uma gaja:




Eu fiz uma investigação aturada e descobri como num gajo isto não funciona tão bem:



E esta, hem?

6.11.05

Uma feira do livro

Fui a uma feira do livro. É inacreditável a montanha de tralha que por aí se escreve. Faz um gajo pensar porque raio é que ainda há idiotas (o próprio incluso) que se dão ao trabalho de escrever o que quer que seja. Estou como o Borges, começo a achar que é mais nobre e comendável o leitor do que o escritor, porque o escritor quer falar de si, impôr-se a si, ou ao seu mundo, e à sua imaginação e às suas ideias, é tipo uma daquelas atracções de circo, um homem-elefante que nos pede dinheiro para retirar a máscara e nos mostrar as suas deformidades, ao passo que o leitor é o verdadeiro aventureiro, o homem que por muitas terras viaja e os espíritos de muitos homens conhece.
Isto para dizer que comprei para lá de 20 livros, embora gastando menos de 80 euros, o que dá uma média de ap. 4 euros por livro, o que é aceitável. A pilha de livros a ler deve com isto chegar à linda marca de 40! Deuses do Olimpo, tão pouco tempo e tanto para ler e ainda gasto tempo a escrever isto!

5.11.05

Obras primas para ler numa tarde

Estava aqui a pensar numa lista para quem se me queixa de não ter tempo de ler. Todos estes livos são obras primas, ou perto disso, e lêem-se numa tarde:

-hamlet, shakespeare
-o velho e o mar, hemingway
-o estrangeiro, camus
-notas do subterrâneo, dostoevsky
-tortilla flat, steinbeck
-ninguém escreve ao coronel, marquez
-a metamorfose, kafka
-morte em veneza, mann
-as cidades invisíveis, calvino
-a desobediência, moravia
-o retrato de dorian gray, wilde
-ficções, borges
-as mãos sujas, sartre
-o deus das moscas, golding
-o grande gatsby, fitzgerald
-o coração das trevas, conrad
-o nariz, gogol

4.11.05

Os americanos acordam demasiado tarde...



Sondagens fesquinhas do Washington Post.
Pena que há um ano atrás não fosse assim...

3.11.05

Uma piadinha

Uma vez nos anos 30, Estaline contou esta piada a um homem que tinha com efeito sido torturado.
-Eles prenderam um rapaz, - disse Estaline - e acusaram-no de ter escrito Eugene Onegin. O rapaz tentou negá-lo... Alguns dias depois o interrogador do NKVD encontra na rua por acaso os pais do rapaz: "As minhas felicitações!" diz ele "O vosso filho escreveu o Eugene Onegin."
Estaline e o seu bando achavam isto hilariante.

Traduzido por mim às três pancadas do artigo da New York Review of Books referido no último post.

Agora comparem a anterior com esta

"We ourselves will be able to determine what is true and what is not"
Josef Estaline, citado na New York Review of Books de 13/05/2004

Há qualquer coisa de comum, não é?

A minha citação preferida

Ron Suskind, "Without a Doubt" no New York Times, 17/10/2004:

"... I had a meeting with a senior adviser to Bush [...]
The aide said that guys like me were ''in what we call the reality-based community,'' which he defined as people who ''believe that solutions emerge from your judicious study of discernible reality.'' I nodded and murmured something about enlightenment principles and empiricism. He cut me off. ''That's not the way the world really works anymore,'' he continued. ''We're an empire now, and when we act, we create our own reality. And while you're studying that reality -- judiciously, as you will -- we'll act again, creating other new realities, which you can study too, and that's how things will sort out. We're history's actors . . . and you, all of you, will be left to just study what we do.''


E esta hem?

O meu irmão tinha razão



Gaja muito boa.

2.11.05

Libby e a Literatura

Eu não acreditei a princípio, mas é verdade: o recentemente indiciado e deposto chief of staff de Dick Cheney é o autor de uma novela erótica publicada em 1996, e passada no Japão, em 1903.
Segundo este artigo do New Yorker, a novela inclui sexo às carradas, cenas escatológicas e a violação de uma menina de 10 anos por um urso treinado para o efeito pelos pais dela!!!
Como é que isto se coaduna com a missa ao domingo é coisa que eu não percebo muito bem. Ou há algo que não funciona nas cabeças destes neocons, o que eu aliás já andava a desconfiar há uns tempos.

O Cincinato de Israel

Um retrato curioso de Ariel Sharon por Richard Cohen no Washington Post de hoje. Em resumo, o homem é um rancheiro como os das histórias de cowboys, ou um coronel à moda brasileira, daqueles que arregaçam as mangas e trabalham duro ao sol no meio dos empregados: rude, hospitaleiro, informal, severo, duro, pragmático, cheio de manha e protector do seu rebanho
(o Don Corleone também era um bocado assim).

Quem pára esta súcia?

Aos "proprietários de conteúdos", esse bando de malfeitores que são as editoras de material audiovisuais, já não basta roubarem o direito natural que qualquer ser humano devia ter à história e cultura da raça humana através das constantes extensões aos períodos pelos quais os "seus" copyrights vigoram.
Querem mais, porque sabem melhor do que ninguém que é possível fazer passar leis que pura e simplesmente lhes permitem criar monopólios artificiais e à custa disso enfiar muito dinheiro ao bolso. E já agora tratar os consumidores como um rebanho que aceita docilmente pagar por tudo e mais alguma coisa.
Vi a última criação deste bando numa link no www.boingboing.net, a qual me deixou de cabelos em pé.

A propósito, um documento interessante acerca da história do copyright está disponível aqui .

1.11.05

Cuspir no prato em que se comeu...

(revisto de um comentário meu no Mão Invisível)
É ridículo, absurdo, insultuoso e até vil o oportunismo de Cavaco Silva em apresentar-se como um "político amador".
Porque de uma espadeirada só insulta todos os políticos profissionais (os outros), apupando-os de gente pouco frequentável, e insulta os eleitores, de quem explora o clima de desconfiança em relação aos políticos. Em vez de defender a idoneidade do sistem político - de que se propõe a ser o garante enquanto presidente - vem alimentar as desconfianças e ódios mais básicas do português médio.
Não é a gente desta a que se chama populista e demagoga?
Gostava de saber o quão confortáveis os "políticos profissionais" que trabalharam com ele se sentem com esta estratégia. O Marques Mendes, por exemplo...

O que Cavaco acha ou deixa de achar

Diz o PÚBLICO que o Cavaco acha bem que o Sócrates mantenha a promessa do referendo sobre o IVG. Eu também. Mas qual será a opinião dos profissionais?

O Hiper-Cavaco

O Hiper-Cavaco é o blog que o tio Aníbal realmente merece.

A interrupção voluntária da gravidez

A IVG é outra questão que causa problemas estratégicos para a esquerda moderada por criar ódios encarniçados em muita gente que doutra forma até se poderia sentir atraída pelos ideais sociais de esquerda. Ao contrário dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, contudo, não me parece aceitável deixar tombar esta causa. O problema é que não há um sucedâneo funcional adequado, enquanto que no caso do casamento homossexual a única diferença é perfeitamente simbólica. Há, contudo, formas de permitir maior liberdade de escolha às mulheres sem criar oportunidade para uma guerra santa às ordas cristãs fundamentalistas, e essas formas deveriam ser talvez mais explorados. Substituir a legalização pela despenalização, por exemplo, e aumentar a vigilância sanitária sobre as clínicas privadas que prestem esse tipo de serviço.
Os holandeses têm um conceito muito útil no seu sistema legal: há coisas que são legítimas e coisas que são proibidas e, no meio, há a área cinzenta, a área do que é tolerado, mas não legitimado. O consumo de drogas leves, por exemplo, é posto nesta categoria. O conceito funciona bastante bem: permite gerar compromissos que de outra forma seriam impossíveis, numa sociedade que mistura de forma tão estranha os mais exagerados e idiossincráticos progressismos e conservadorismos.