29.10.05

E como prometer Ferraris a todos os portugueses...

"É em nome deste conjunto de ambições para Portugal que, nos tempos difíceis que o País atravessa, considero necessária a minha candidatura a Presidente da República. Fazê-lo é para mim um imperativo de consciência."

O verdadeiro imperativo de consciência para Cavaco se candidatar é que tem uma boa possibilidade de ganhar e era crime deixar isso passar.

Porque ideias é que este homem se bate? Vem a público dizer que colabora com qualquer Governo, o que na essência quer dizer que se está marimbando para o que aconteça, desde que lhe dêem o tacho que lhe negaram há dez anos.
E se o governo for do POUS? Ou do Partido Nacional Renovador? Qualquer Governo, diz ele.

E por favor poupem-me ao argumento de que se tal governo acontecesse seria a vontade soberana do povo porque o nosso sistema democrático é um sistema em que o respeito pelos direitos das minorias é essencial. Se Cavaco não soubesse isso não poderia nunca servir como PR num país democrático.

As ambições do homenzinho para Portugal, como diz o Vasco Pulido Valente no PÚBLICO de hoje, são essencialmente uma lista genérica que serviria bem qualquer candidato a presidente.

Tudo lá cabe, incluindo a coesão e a justiça social. Quem o conhece dos 80s e 90s só se pode rir com as ambições de coesão e justiça social deste homem.

Cavaco vê o cargo de Presidente da República com uma forma de se canonizar, de se divinizar, qual grande César. O que ele promete é simplesmente fazer tudo por todos e dar tudo a todos porque sabe que na verdade, na qualidade de presidente, não terá o poder - e portanto também não a obrigação- de dar nada a ninguém. O que padece de uma absoluta desonestidade intelectual, que só é possível a um homem que sempre considerou todo o sistema democrático uma farsa e um empecilho, como é o seu caso.

Como pode este homem servir como garante de um regime pelo qual mostra tal falta de respeito?